quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Da Elegia*
De Pablo Neruda

Como à retidão de tua doutrina
subiram estas curvas de serpente
até que medo e crime se aninharam
e toda claridade foi exterminada?
Ficaram ainda sementes da dor!
Tempo maldito, enterra-te em seu túmulo!
Que nunca mais a terra deixe entrar
a matéria de deuses ou demônios
no coração dos governadores:
que não se mostre o céu individual
ou o caprichoso inferno solitário;
pune-o com a pedra do Partido,
pica-o com a abelha coletiva,
quebra o espelho, corta-lhe a soga,
para que no jardim triunfe a rosa.

*coletânea de poesias que reforçam a visão do poeta sobre a Rússia revolucionária

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