"...num átimo, trouxe a encomenda da senhora: uma menina de nove anos, amarela, descalça, a cabeça rapada, o dedo na boca, metida num camisão de alfacinha. A senhora recuou um pouco, o leque aos lábios, examinando-a: - Mas isto? E olhava para a menina e para o canoeiro, o leque impaciente: - Mas eu lhe disse que arranjasse uma maiorzinha pra serviços pesados (...)" (Dalcídio Jurandir, em "Belém do Grão-Pará) A justiça já vem, singrando os rios da Amazônia, em uma daquelas embarcações do Ver-o-Peso, por onde a menina, sem destino certo, veio tentar outro futuro - negado no seu local de origem, perto de seus pais. Aqui, o futuro foi curto, o presente, sofrido. Mas lá não tinha escola... aqui tinha. E também tinha criança brincando, e o trabalho era como brincar de casinha. E a vida era um faz-de-conta... |
segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
Cria da Casa
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6 comentários:
Carol, esse texto me corta o coração. A nossa realidade é tão cruel... crianças são seres sagrados. Rezo para que tudo melhore. Rezo para que nossos políticos sejam mais conscientes.
Bjs!
Lu.
Emoção...quase chorei.
Voce tem a mão.De-nos.
Lindo post.
Bjs
ps
dá um roteiro de um curta viu?
Obrigada pelo incentivo, professor. Um curta seria um bom projeto... arte-denúncia.
bjs.
Sempre me orgulhando né?!
Pena que dessa vez,o texto (como sempre) muito bem montado, traga um conteúdo triste, de um faz-de-conta bem distante dos reinos e da magia...
Mas enquanto houver pessoas inquietas que não observem passivamente à tal realidade cruel,teremos também a esperança de que um dia ela acabe.
É, Lu. Mas eu acho que a gente ainda vai ter que rezar um bocado, viu? Infelizmente, neste caso.
Obrigada, Susan. É sempre bom receber a visita de uma amiga querida. Mesmo que seja só aqui pelo blog... :(
Beijos.
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